Sofrer de ansiedade não é fácil. Envolve medos, conflitos e pode prejudicar seriamente a saúde do corpo e da mente. Recentemente, fizemos um post especial para falar com detalhes a respeito dessa doença. Explicamos o que ela é, como se manifesta e o que podemos fazer para que ela seja controlada.
Porém, nas últimas semanas fomos tomados por uma situação totalmente nova e que pode colocar muitas pessoas em risco quando o assunto é ansiedade: o isolamento social necessário para combater o avanço da epidemia do coronavírus (COVID-19). Ainda que essencial para o Brasil e para o mundo, a quarentena pode ser mentalmente perigosa para muitas pessoas, especialmente aquelas que moram sozinhas.
Piorando quadros naqueles que já são ansiosos e pegando de surpresa quem nunca havia sofrido de ansiedade mais severa, a quarentena nos forçou a viver uma nova rotina. Mas, então, o que fazer para conseguir se manter seguro em casa sem prejudicar a saúde da mente? Para responder esse e outros tópicos, nós conversamos novamente com a psicóloga Andressa Ferraz, que nos falou a respeito da relação da ansiedade com a pandemia que estamos vivendo.
Como a ansiedade se manifesta em tempos de isolamento social?
Em uma rotina normal, a crise de ansiedade tende a se manifestar como uma preocupação intensa que você não pode controlar, uma inquietação sobre algo que vai acontecer ou mesmo medo e tensão. Em casos mais severos, há crises de pânicos que causam taquicardia, falta de ar e tremores, por exemplo.
Muitas pessoas que não possuem transtorno de ansiedade, eventualmente, podem sentir alguns desses sintomas em situações específicas e não ter grandes problemas. Contudo, quem realmente sofre com essa doença precisa buscar auxílio especializado para não comprometer a saúde não apenas da mente, mas ainda do corpo.
Andressa diz que com a quarentena, surgem novas preocupações, não só com a própria saúde, mas também com a dos familiares. Além disso, “parte da população está tendo que equilibrar o home office com os cuidados com os filhos e a casa, e a maioria sente uma forte pressão financeira diante da desaceleração da economia e da incerteza no mercado de trabalho”, explica.
A psicóloga afirma também que “sentir solidão e ansiedade é algo natural como consequência e reações aos acontecimentos da pandemia, pois tudo isso é fonte de estresse”. Para ela, a diferença ou intensidade de sintomas em uma pessoa que já tem o diagnóstico de ansiedade e uma pessoa que não tem a doença é que esse problema tende a se potencializar.
O que fazer para aliviar os sintomas da ansiedade em tempos como esse?
Como mencionado, além da questão do isolamento em casa, o medo do vírus também é uma realidade. E ainda que a gente precise ficar em casa, pode ser necessário sair por alguma razão em especial. Então o que fazer para evitar que um quadro de ansiedade piore com o pavor de se contaminar ou mesmo ver pessoas queridas se contaminando? Sobre isso, Andressa dá algumas dicas:
“Antes de sair, tente relaxar, ouvir uma música e fazer alguma atividade que goste. E se prevenir da melhor forma possível: usar máscaras, luvas, álcool gel quando estiver fora de casa e, ao chegar, lavar bem as mãos e trocar de roupas. Hoje em dia, também é possível se consultar com um psicólogo online, sem precisar sair de casa. Isso evita que nos apeguemos a algumas crenças limitantes.”
Outro passo importante, é controlar o consumo de informações para que o excesso não piore a ansiedade. “Quanto menos absorver informações, melhor. Claro que é importante ter noção e saber o que está acontecendo, até para poder se prevenir. Mas, de repente, escolha algum horário para ver as notícias – se possível, não à noite, antes de dormir. Pela manhã seria uma boa tática, pois tudo do dia anterior estará lá para ser informado”, aconselha Andressa.
Há algumas dicas gerais de como reduzir a ansiedade em qualquer situação, e elas podem te ajudar durante a quarentena:
- Desacelere sua respiração
Em crises de ansiedade, geralmente, a respiração se torna superficial, rápida e irregular. Isso diminui o oxigênio no cérebro, causando ainda mais medo e pânico. Então, tente respirar fundo e lentamente, para aumentar o fluxo sanguíneo para o seu cérebro.
- Pratique Yoga
O yoga diminui a frequência cardíaca, a pressão arterial e os níveis de cortisol, um hormônio envolvido na resposta ao medo de lutar ou fugir. Ter muito cortisol na corrente sanguínea pode piorar um quadro de ansiedade. Além disso, yoga ajuda a liberar moléculas que reduzem os sintomas do estresse.
- Siga a regra 3-3-3
Uma maneira que parece boba, mas pode ajudar muito é se concentrar em grupos de três coisas que você está vendo, pode ouvir e pode tocar. Por exemplo: você está vendo paredes, cadeiras e janelas; ouvindo pássaros, buzinas e música; e tocando seus pés, uma mesa e uma caneta. Esse é um truque mental que pode ajudar a centralizar sua mente, trazendo você de volta ao momento presente.
Há ainda, alguns conselhos especiais de como diminuir a ansiedade em tempos de pandemia, como aponta a psicóloga Andressa:
- Tente impor limites e filtrar os conteúdos.
- Evite pensamentos pessimistas, eles impede, o surgimento de novos cenários.
- Pense que não estamos sendo punidos, e sim nos preservando para contribuir com uma luta coletiva.
- Saiba que isto não é uma condição definitiva.
- Use a tecnologia para manter-se conectado com pessoas que você ama.
- Pense em atividades que possam ser feitas dentro de casa para se sentir ativo.
Cuidar da saúde mental é especialmente importante quando estamos em isolamento social. Por isso, nunca deixe de procurar ajuda especializada para tratar adequadamente os quadros de ansiedade. Também esteja atento para auxiliar pessoas com sintomas de ansiedade que estejam ao seu redor.